Estas crianças estão condenadas à miséria

 

 

As nossas experiências de criança perduram para além da nossa infância. Como dizia Freud, “podemos tentar romper com o passado, mas o passado não rompe connosco”. As adversidades podem permanecer escondidas, na nossa memória biológica, durante vários anos, mas estão prontas a eclodir a qualquer momento da nossa trajetória.

Crianças que foram ignoradas, abandonadas, abusadas, negligenciadas física ou emocionalmente, que convivem com a pobreza, com a doença mental ou com a violência estão praticamente condenadas a uma vida de sofrimento. E, em média, morrerão 20 anos mais cedo. 

Serão provavelmente adultos inseguros, doentes, sem estrutura, sem referências. Terão um comportamento errante. Serão julgados, abandonados, humilhados durante todas as suas vidas. Causarão as mesmas experiências aos seus filhos e o ciclo continuará perpetuamente. 

O problema é grave e afeta pessoas de todas as classes sociais e praticamente todas as famílias. Este problema é universal. As EAI cobram às vítimas um preço que as onera para a vida inteira. As EAI são verdadeiras e repudiantes sentenças de condenação que geram um impacto devastador e duradouro não apenas na infância, mas durante toda a vida e têm custo elevado para a sociedade em geral. As vítimas das EAI são condenadas, na idade de ouro da inocência, a penas que se perpetuam pela vida fora. Elas são condenadas injustamente, sem direito de audição prévia e contraditório. As penas que são impostas às vítimas não se suspendem, nem se revogam. A vida das vítimas fica condicionada, mas elas nem sequer têm direito a liberdade condicional. A maior parte dos direitos humanos constantes da Declaração Universal dos Direitos do Homem e que formam a essência da nossa Constituição são violados e sonegados a estas vítimas.

Não podemos permitir que os direitos humanos continuem a ser violados de forma tão gravosa e reiterada. O reconhecimento ao nível do direito internacional e nacional, de direitos fundamentais como a integridade física e emocional das crianças, a participação e a audição em tudo o que lhe diga respeito e o direito à sua inclusão numa família que lhe proporciona afetos, segurança e cuidados adequados, tem de acompanhados de um movimento nacional sério, empenhado e competente.

O problema das experiências adversas na infância é transversal a toda a sociedade. Para poder criar uma estratégia concertada, precisamos de mobilizar esforços em diferentes eixos.

Tu podes fazer parte deste movimento.

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