O Plano Operacional da Missão Pertinente

Estamos conscientes de que os objetivos mais amplos da Missão Pertinente estão muito distante; talvez não sejam sequer alcançados durante o tempo de vida dos fundadores.

Isto porque para se alcançarem efetivamente os objetivos a que nos propomos serão necessárias transformações profundas, que habitualmente não se conseguem alcançar no espaço de uma ou duas gerações.

Contudo, há muito para fazer. Quanto mais cedo começarmos e mais efetivos formos, mais rapidamente serão alcançados os objetivos.

Na conceção do plano operacional estabelecemos uma visão abrangente e plurianual para implantação da associação e dos seus serviços. Esta abrangência permite uma explanação abrangente dos objetivos em diferentes áreas e inspira a construção dos planos anuais.

A atividade da associação distribuir-se-á em diferentes eixos:

  • Investigação, Inovação e Desenvolvimento
  • Comunidade
  • Educação
  • Serviços de Saúde
  • Serviços Sociais
  • Justiça

Investigação, Inovação e Desenvolvimento

O Eixo de Investigação, Inovação e Desenvolvimento da Associação Missão Pertinente atua como elemento de suporte e consultoria, focando-se na produção e divulgação de conhecimento sobre a realidade das Experiências Adversas na Infância (EAI) em Portugal e o seu impacto na saúde, bem-estar e qualidade de vida da população adulta.

Pretende-se deste modo contribuir para o desenho e o desenvolvimento de modelos de intervenção mais eficazes no domínio da infância, juventude e vida adulta de indivíduos em situação de vulnerabilidade no contexto das EAI.

Os objetivos deste eixo assentam em três vetores: CONHECER, PREVENIR, PROMOVER

1 Conhecer a situação de crianças expostas a EAI na realidade portuguesa, com a recolha e organização sistemática da informação relevante disponível, através da integração de um conjunto de dados de caráter qualitativo e quantitativo em áreas direta ou indiretamente relacionadas.

2 Prevenir situações de risco através do desenvolvimento, implementação e estudo de eficácia de modelos de identificação de indicadores de fatores de risco na infância e de vulnerabilidade parental.

3 Promover a inovação ao nível de estratégias de prevenção e de intervenção no desenvolvimento de modelos de gestão articulada entre diferentes instituições e respostas sociais que possam ampliar os resultados.

A operacionalização destes objetivos iniciar-se-á com a criação de um grupo de trabalho, orientado e coordenado pela Prof. Dra. Susana Marinho, e a instituição de uma plataforma de colaboração científica, para a qual serão convidados a participar investigadores de diversas instituições de ensino superior, laboratórios científicos nacionais e internacionais, sociedades científicas, ordens e associações profissionais.

O desenvolvimento da atividade científica poderá assumir diferentes formas, desde projetos de investigação de âmbito académico (mestrado, doutoramento) ou projetos de investigação mais robustos. São desde já identificados temas de particular interesse, nomeadamente, a epidemiologia (com o levantamento e a monitorização de dados sobre a realidade portuguesa), as relações entre EAI e outros fenómenos sociais, estratégias de prevenção, formas de diagnóstico, modalidades de acompanhamento, recursos e abordagens terapêuticas.

Numa primeira fase, pretende-se implementar um projeto de revisão sistemática da literatura de estudos empíricos, nacionais e internacionais, sobre as EAI e modelos de intervenção empiricamente validados, que pretende contribuir para a inovação e desenvolvimento de boas práticas.

Numa perspetiva colaborativa, pretende-se igualmente envolver outras IPSS e os seus técnicos, no desenvolvimento de novas abordagens de gestão integrada das respostas sociais, que possam resultar numa otimização significativa dos recursos.

Espera-se que este trabalho possa resultar, a curto prazo, no desenvolvimento de guias práticos e de formação especializada nas áreas da parentalidade, saúde (medicina, psicologia, etc), educação, intervenção social, etc.

 

Comunidade

A intervenção e participação direta na comunidade assume a maior fatia do nosso projeto.

O objetivo principal do eixo estratégico da comunidade é estimular o envolvimento de diferentes atores sociais, desde entidades e serviços públicos, as Redes Sociais, os centros comunitários, as dioceses, as paróquias, as IPSS, as escolas, as associações da sociedade civil, as famílias e outros grupos, formais ou informais, promovendo uma cultura positiva de afeto, entreajuda e de antiviolência percutora de uma sociedade livre de EAI.

Um segundo objetivo, não menos importante, é a criação de respostas sociais comunitárias que possam responder com celeridade e eficácia às necessidades das crianças jovens e família em situação de risco, bem como garantir o acompanhamento e requalificação de adultos que foram vítimas das EAI e que agora lutam com as suas consequências ao nível da saúde física, emocional e ao nível do comportamento.

Estamos conscientes do momento particular que as economias mundiais atravessam. Os fortes impactos na população portuguesa já se começaram a sentir a diferentes níveis, mas estamos convictos de que se agravarão nos próximos anos, com consequências imprevisíveis também no domínio das experiências adversas na infância.

Os fatores de risco pessoal, familiar e comunitários serão agravados, o que exigirá a todos uma grande agilidade e concertação de esforços para a mitigação dos seus efeitos.

 

Comunicação

Deste modo, torna-se urgente criar uma grande campanha de sensibilização social para as EAI e para as suas consequências imediatas e de longo prazo, bem como esclarecer para os fatores de risco, fatores de proteção e possibilidades de encaminhamento dos casos detectados e identificados. Também se pretende promover a disseminação do conhecimento científico, em linguagem acessível, e das boas práticas identificadas nas diferentes áreas.

Esta campanha, da responsabilidade do nosso gabinete de comunicação, marcará forte presença junto da comunicação social e da nossa rede de parceiros, mas é no mundo digital que deverá centrar a maioria dos seus recursos.

Apostamos fortemente nas redes sociais, mas utilizaremos sobretudo o website como elemento agregador de toda a comunicação.

Nele será publicado conteúdo educacional e científico, serão distribuídos guias práticos e outros recursos para diferentes agentes (país, familiares e amigos, educadores, professores, médicos (de medicina geral e familiar, pediatras, pedopsiquiatras, psiquiatras), psicólogos, assistentes sociais e outras classes profissionais que possam vir a ser identificadas.

Também no site será criada, através de fóruns, uma plataforma de cooperação interpessoal, interprofissional e interinstitucional para partilha de conhecimento, experiências e para proporcionar a reflexão, potenciando a identificação e divulgação das melhores práticas relacionadas com as experiências adversas na infância.

Ainda na área da comunicação, criaremos uma newsletter periódica que possa divulgar as nossas atividades e iniciativas, os avanços científicos, as boas práticas e histórias de sucesso.

 

Eventos

Utilizaremos as ferramentas digitais para promover e realizar palestras, webinários e podcasts convidando especialistas em diferentes matérias.

Presencialmente organizaremos colóquios e jornadas orientadas a conjuntos de profissionais específicos, bem como dinamizaremos palestras de sensibilização abertas à comunidade (com especial incidência na comunidade escolar), nomeadamente para crianças, jovens e pais.

Anualmente, organizamos o Congresso Internacional das experiências adversas na infância, no qual contaremos com a participação de oradores convidados especialistas em todos os eixos de atuação da associação.

 

Formação

No capítulo da formação distinguimos desde logo a formação aberta à comunidade e a formação especializada orientada a profissionais.

Na formação aberta à comunidade desenvolvemos (por meios próprios e/ou através de parceiros) cursos e workshops (online e/ou presenciais) de parentalidade positiva, mindfulness, educação financeira e outros temas de psicoeducação ou desenvolvimento pessoal.

Na formação especializada, recorreremos a empresas certificadas para desenvolver, em conjunto com o nosso grupo de trabalho para a investigação científica, cursos de especialização, desenvolvimento profissional ou pós-graduações em diferentes temáticas e destinadas a diferentes grupos profissionais, tais como médicos, psicólogos, educadores, professores, assistentes sociais, etc.

Intervenção e respostas sociais

Apostamos na celebração de protocolos de cooperação para os seguintes programas e respostas sociais:

Estes programas públicos garantem o financiamento de boa parte destas respostas sociais aos nossos públicos alvo preferenciais, além de fornecerem orientações e acompanhamento para a sua execução.

Para a elaboração de candidaturas a estes programas, à medida que forem estando disponíveis, necessitamos de garantir a aquisição dos requisitos e a criação de uma equipa técnica para a execução e acompanhamento das candidaturas. Essa equipa poderá ser própria ou esse serviço poderá ser garantido por consultores especializados.

Para a execução destes programas, além de garantir o rigoroso cumprimento de todos os pressupostos contratuais, contaremos com o acompanhamento do nosso grupo de investigação científica no sentido de monitorizar e optimizar o desempenho e a produção de resultados efetivos.

 

Outras respostas sociais

Além das respostas previstas nos programas constantes do ponto anterior, poderemos garantir serviços complementares, tais como:

Serviços clínicos

Que garantam respostas em diferentes áreas saúde, tais como medicina, pediatria, psiquiatria, psicologia, psicoterapia, neuropsicologia, terapia familiar, biofeedback, nutrição, grupos terapêuticos

Serviços jurídicos

Que prestem aconselhamento na resolução de conflitos, divórcios, regulação do poder parental, endividamento, acesso a apoios sociais, etc)

Serviços de coaching e mentoria

Acompanhamento e reforço positivo nos processos de mudança e de reestruturação de vida

Apoio na procura de emprego

Elaboração de CVs, formação para a procura ativa, orientação para as entrevistas etc)

Rede de Voluntariado “Adultos de Confiança”

Em numerosos estudos científicos é referido que, em muitas situações, bastaria que as crianças ou jovens vítimas de EAI (ou expostas aos fatores de risco) pudessem contar com a presença assídua de um adulto em quem pudessem confiar para que as consequências fossem significativamente reduzidas.

Face a isto, pretendemos criar uma rede de voluntários, pertencentes à família e/ou à comunidade , que possam intervir de forma precoce e continuada, exercendo um papel de mentoria, para que a criança ou jovem em risco possa aprender a criar vínculos seguros e confiáveis e que possa ter sempre com quem contar.

Naturalmente que isto implicará um processo de seleção e formação dos candidatos, além de um acompanhamento e suporte técnico profissional e especializado, que deverá ser garantido pela equipa técnica da associação.

Fundo Social Local

Criação de um fundo social local, para o qual poderão contribuir instituições, empresas e particulares, com o objetivo de criar disponibilidade financeira para intervenção imediata em situações de urgência ou quando o apoio necessário não puder ser garantido por fundos públicos.

 

Educação

Pretende-se estimular a cooperação próxima com com as direções, psicólogos escolares, professores, educadores, mediadores escolares auxiliares e alunos, no sentido de potenciar uma cultura de não-violência, bem como dotar todos os agentes de conhecimento especializado para reconhecer as EAI, diminuir os fatores de risco e aumentar os fatores de proteção além de assegurar os meios para intervenção imediata e encaminhamento das situações que despertam preocupação.

Poderemos promover formação especializada, de desenvolvimento profissional e/ou pós-graduações a professores, educadores e profissionais escolares no âmbito das EAI.

Também é fundamental garantir a interação profissional de professores, educadores, psicólogos, mediadores escolares e outros técnicos, através da nossa plataforma e através da organização de Jornadas e Colóquios orientados especificamente para estas categorias profissionais.

Deveremos desenvolver ações de sensibilização junto da comunidade escolar, especialmente orientadas aos pais e aos alunos. Também poderemos desenvolver um modelo de grupos de autoajuda para pais.

 

Serviços de Saúde

O grande objetivo deste eixo é sensibilizar os serviços de saúde para os riscos e consequências das EAI, dotando-os de ferramentas de diagnóstico precoce, oferecendo um questionário de triagem (acompanhado de um manual e protocolo para facilitar o diagnóstico), coordenação de cuidados e encaminhamento para tratamento multidisciplinar (Psicoterapia, Psiquiatria e Biofeedback, etc) à semelhança do que foi feito nos EUA pelo Center for Youth Wellness.

Também pretendemos contribuir para o desenvolvimento de uma rede nacional de médicos pediatras (para incluírem as EAIs nas suas práticas), que poderão tornar-se parceiros de excelência para intervir na agenda política a nível local e nacional (para promover a triagem precoce de adversidades e incorporar cuidados informados sobre o trauma infantil). Este movimento poderá fazer parte da nossa plataforma de colaboração e de reflexão interprofissional.

A aproximação e o envolvimento dos profissionais da área da saúde, também é fundamental para a investigação de novas abordagens e metodologias.

Em colaboração com o nosso grupo de investigação científica e com entidades formadoras certificadas, também podermos desenvolver eventos de sensibilização e formação especializada e/ou pós graduações para a intervenção nas EAI, na área do desenvolvimento neurológico ou outras condições associadas, destinadas a médicos de clínica geral e familiar, pediatras, pedopsiquiatras, psiquiatras e psicólogos.

 

Serviços Sociais

No eixo estratégico dedicado aos serviços sociais, o grande objetivo é estreitar laços com as equipas técnicas das diferentes respostas sociais, fundamentalmente as que mantém intervenção direta com a família e a infância, no sentido de sensibilizar para a importância de criar redes concertadas no sentido de mitigar os fatores de risco, estimular os fatores de proteção e intervir precocemente de forma musculada nas EAI quando são detectadas na infância e na juventude, sem esquecer a óbvia necessidade de requalificar os adultos que passaram por essas experiências.

Através do nosso programa de investigação, pretendemos desenvolver modelos integrados de gestão de diferentes respostas sociais que incluam, além do apoio à criança, jovem e à sua família, actividades concretas que se possam replicar no sentido de fomentar a integração social e a saudável interação intergeracional, referida como um dos principais fatores de proteção. Além disso, através da nossa plataforma de colaboração interinstitucional e interprofissional, pretende-se estimular a reflexão, a partilha de experiências e de boas práticas, multiplicar as possibilidades de parcerias, a melhoria da referenciação e do trabalho em rede.

Igualmente importante será a realização de Jornadas e de colóquios entre os profissionais que trabalham nesta área em diferentes instituições (IPSS’s, escolas, Câmaras Municipais, hospitais, etc) e formações de especialização e/ou pós graduações destinadas especificamente a estas categorias profissionais e a este setor de atividade.

 

Justiça

O objetivo é sensibilizar os legisladores, magistrados, ministério público, CPCJ´s e EMAT´s e outras entidades para a importância de mitigar os efeitos das EAI, envolvendo-os na criação de estratégias de ação em articulação com toda a comunidade.

Estamos especialmente empenhados em dialogar com estas instituições no sentido de desenvolver formas de humanizar o contacto das crianças, jovens e famílias com a justiça, garantindo-lhes um acompanhamento permanente.

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